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terça-feira, 6 de novembro de 2007

Texto da Gislaine...

A MINHA CIDADE COMO ELA É

Num dia de outubro fomos visitar os bairros Alvis Kläsner I e II, com o objetivo de achar situações parecidas com as do livro “O Cortiço” de Aluísio de Azevedo. Para mim é um mundo diferente, pois moro no interior e não conhecia essa parte da minha cidade, só conhecia lugares como esse pela TV chamados de favela.
Aproveitamos a oportunidade e conversamos com moradores do bairro e com a agente de saúde de lá. O que mais me chamou a atenção foi o fato de todos comentarem sobre a violência doméstica que existe naqueles locais. Mulheres que apanham dos maridos e não fazem nada. Sabemos que esse tipo de violência é crime, mas o que não entendo é o porquê dessas mulheres continuarem quietas, não notificarem a polícia, e até mentido para a agente de saúde, dizendo que haviam caído ou algo do gênero. Se essas mulheres realmente têm bons vizinhos como todos falam, deveriam tomar a mesma atitude que era tomada no Cortiço, esse homem agressor deveria ser linchado pela vizinhança, pois este é um ato covarde.
Os motivos de indignação dessa população são vários como as brigas já citadas, o consumo de drogas e a prostituição infantil, mas talvez o maior deles seja o descaso da prefeitura municipal. Passamos em uma casa onde um homem nos falou: “Tragam o prefeito para conhecer o bairro também! Acho que depois das eleições ele esqueceu o caminho”. No Cortiço havia um dono que mandava e desmandava a quem as pessoas deveriam pagar aluguel pelas casas ocupadas, ao contrário do que ocorre no bairro, onde quase todos têm casa própria.
Mas também existe o lado bom. As crianças, que são muitas estudam (na história do Cortiço não são citadas crianças). As empresas (Kepler, Bruning, Fockink) voltaram a contratar funcionários(no Cortiço todos trabalhavam em um mesmo lugar, em uma pedreira), e as coisas começam a mudar. Existe uma escola próxima ao bairro para onde se dirigem todas as crianças, mas o problema mesmo parece ser os adolescentes que trocam o dia pela noite, param de estudar, não trabalham, não aproveitam as oportunidades, e acabam estragando a sua vida e a de quem esta ao seu redor.
Assistindo novelas, vendo documentários não percebia que esse “mundo” estava mais próximo do que eu imaginava. Essa visita fez surgir em mim uma grande admiração, eles eram pessoas simples que abriam a porta de suas casas para desconhecidos, sem saber na realidade qual o nosso objetivo. Meus preconceitos e tudo que eu imaginava sumiram como mágica. Aprendi com eles que só devemos tirar conclusões após conhecermos, e não com o “diz-que-me-diz-que”. Minhas conclusões, das pessoas com quem conversei, são as melhores, e pude perceber que um livro escrito a mais de 200 anos pode sim conter um assunto atual, é só repararmos um pouquinho no que nos rodeia, nas pessoas e na cidade que vivemos.

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